quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Anhnagá, o deus das almas

     Numa conversa com o ilustre Pain, membro aqui do CronicaEx, ele me disse o seguinte: "A mitologia brasileira não deve em nada para as estrangeiras, só o que falta é um mestre feito Tolkien trabalhar com ela, e fazer algo a altura". Ignorante como sou, conhecendo só o que o sitio do pica-pau amarelo nos mostra, questionei-o se nossa mitologia era mesmo algo a ser levado a sério.
    Acontece que sim. Temos uma mitologia vasta e rica, tão épica quanto as mais famosas, porém, totalmente ignorada por tudo e por todos. Até mesmo as pesquisas tem um número baixo de material, e do pouco ainda é possível encontrar material divergente. A verdade é que nossa mitologia foi
abandonada por nós mesmos, que nos lambuzamos das mitologias estrangeiras, enquanto debochamos de nossa própria cultura.

   Eu nunca levei fé em nossa mitologia. Deuses como Tupã e Jaci eram tudo que conhecia, e mesmo assim, julgava-a como inferior. Mas instigado pelo sábio Pain, pesquisei um tanto sobre nossos deuses, e tiro meu chapéu, pois temos uma mitologia fantástica.
   Até me propus a escrever uma história sobre o tema (não que eu seja o escolhido que vá trazer a tona nossas tradições perdidas [ ou talvez eu vá ser, quem sabe { ignorem meu ego, por favor} acabe escrevendo um épico ] mas eu escrevo tão devagar, e pesquiso mais devagar ainda, então nada saiu do papel), o que me levou a conhecer alguns dos deuses brasileiro.
   Anhangá é um deus da cultura tupi, seu nome quer dizer espírito, e ele é o deus da almas errantes. Em algumas fontes, ele é o antagonista de Tupã, sendo o deus supremo do mal, enquanto em outra, ele é apenas uma entidade, desprovido de senso de moral, cuja missão é carregar as almas perdidas
consigo. Anhangá pode assumir várias formas, sendo que a mais comum é a de um veado branco, com os olhos em chamas.
  Cruzar com Anhangá era sinal de mal agouro, e os nativos da época temiam muito a entidade. Mas ele não cuidava apenas das almas, mas também protegia os animais fracos dos caçadores. Isso é algo muito frequente na nossa mitologia: boa parte das entidades amava muito essas terras, protegendo as matas, os animais, tentando preservar a glória dos primeiros dias.
   Pois Anhangá, sendo mal ou não, protegia os animais de caçadores abusivos, sendo que sempre que
uma caça escapava de forma milagrosa, era atribuído a entidade.
   Quando os jesuítas chegaram em nossas terras, o cristianismo fez o que sabe fazer de melhor: demonificou a lenda, associando Anhangá ao próprio diabo. Mas como disse antes, a lenda não dá a entender que o deus seja apenas mal, seria tons de cinza... ele é uma entidade obscura, chegando a enfrentar até mesmo Tupã em uma batalha, mas sua existência é necessária para manter o equilíbrio.




   Conforme minhas pesquisam forem avançando, irei trazer mais seres de nossa mitologia. Enquanto isso, pesquise, deixe seu preconceito de lado e dê uma chance para conhecer nossas lendas, te garanto que ficará fascinado, assim como eu. Pode começar pesquisando sobre os sete monstros lendários, vai por mim... é isso, até a próxima!

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