terça-feira, 29 de novembro de 2016

Chapecoense e a linha fina de nossas vidas

   Eu não acompanho futebol, embora um dia tenha acompanhado. E naqueles tempos, longínquos em que eu torcia para o Santos, a Chapecoense era um time lá da série D, o que me causou estranheza quando um amigo meu comentou algo sobre ele, na série A. Achei admirável, o time escalou até a primeira divisão...
   Não fazia ideia da sua participação na Sulamericana. Nem da classificação que dependeu de uma defesa milagrosa nos últimos instantes de um jogo. Mas mesmo assim, ao abrir as noticias hoje pela manhã, meu coração deu um nó... todos os sonhos, esperanças e motivações de uma equipe inteira se desfez, tal como as lágrimas desaparecem na chuva.
   Só quero prestar aqui minhas homenagens as famílias, aos parentes, aos amigos, aos que os admiravam... será difícil a todos estes encontrar uma forma de preencher o enorme vazio que a equipe deixou. Isso só nos faz pensar, o quão frágeis somos, nesse imenso mundo azulado, em um simples instante, tudo que nos define deixar de existir.

 
   Uma defesa, definiu um destino. A alegria se converteu em lágrimas. Os sonhos que se desfizeram, Na morte, se tornaram lendas que serão lembradas para sempre no coração daqueles que os amam. A vida segue, nós somos frágeis ao sol, cercados pela dor e pela tristeza, tentando compreender qual é o sentido disso tudo... Somos todos Chapecoense!

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Grandes Astros Superman

    Existe uma grande tendência nas pessoas hoje em dia, de desgostar do Superman. Eu mesmo tinha uma opinião bem negativa quanto ao personagem. Um “cara muito certinho”, “herói sem graça” ou coisas desse tipo, sem nem mesmo conhecer muito do personagem.
    Acontece que o Super-Homem é um personagem infinitamente complexo, além de ser o pilar da esperança da humanidade, é um vigilante eterno, que nunca para, nunca descansa. Ele pode escutar batimentos cardíacos de forma individual, e assim monitorar alguém em qualquer parte do mundo. Ele pode se mover extremamente rápido, para ajudar algum necessitado, não importando onde este 
esteja.


      Grandes Astros Superman, escrita pelo mestre Grant Morrison, e desenhada com maestria por Frank Quietly conta sobre os últimos dias de vida do herói. Devido a uma aproximação extrema do sol, Superman tem uma sobrecarga de radiação solar, além da qual seu corpo aguenta. O primeiro resultado disso são seus poderes, que se ampliam. Ele se torna invulnerável a kriptonita, e desenvolve
poderes novos. Porém, suas células começam a se desfazer, e um cronometro para sua morte se inicia.
     Mesmo diante da sua morte, a única preocupação que se passa pela cabeça do Super é se a humanidade continuará segura depois de sua partida. Ele passa seus últimos dias tentando encerrar algumas pendencias, seja com seus amigos e pessoas queridas, ou com grandes vilões.
     Existem mensagens do futuro, que mostram que o legado construído pelo herói nunca morreu, mas que para isso, existem trabalhos que ele deve concluir antes de morrer. Uma grande jornada, que o levará até mesmo a se entender melhor se inicia, e pelas páginas, percebemos o quão grandioso ele é.


    Em meio a uma luta contra um monstro gigantesco, ele nota que um certo coração parou de bater, e imediatamente parte para ajudar a pessoa. Em um outro momento, enquanto enfrenta problemas, ele consegue escutar conversas de uma garota que está prestes a se suicidar.
    Superman impedindo o suicido é um dos momentos mais fortes da Hq, mas não é só esse. Ele visita crianças com câncer, assim como fazem os atores em nossa realidade. O Superman está sempre preocupado com os que estão ao seu redor...

    Essa é a grande sacada do herói. Onde alguém precisar de ajuda, onde alguém clamar por socorro, ele surgirá. Dá pra sentir uma certa tristeza no personagem, como se fosse uma dor por tudo aquilo que se perde...
  Por isso ele não mata. Superman é incapaz de odiar. Ele busca compreender todos os seres, mesmo o terrível Solaris, ou o ardiloso Lex Luthor, ele irá frustrar os planos dos vilões, mas nunca irá mata-los. Pois ele não possui esse direito. Porém, fará de tudo para proteger nosso mundo.
  É engraçado como ninguém acredita em, Clark quando este confessa ser o Super. A personalidade dos dois é tão diferente, que todos pensam que na verdade o herói estava fingindo ser o homem, enquanto Clark por algum motivo está escondido. Aqui na hq não
é apenas um óculos que os diferenciam, mas a postura, o jeito de ser, os dois são totalmente dispares.
  Lex Luthor também é explorado a fundo nessa hq. O quão ele se sente inferior na presença do Kriptoniano, e o quanto ele quer destrona-lo, e provar que o ser humano não precisa, e não deve, se curvar a um alienígena. Seu intelecto é um absurdo, e a conversa entre ele e Clark nos mostra o quanto o vilão se tornou obcecado em matar Superman. Obcecado ao ponto de esquecer de todo o resto.
    Toda a jornada que nosso herói empreende aqui é épica e profunda, com momentos de grande reflexão. No fim, fica essa sensação, de como o personagem é grandioso. Superman é o pilar do heroísmo, talvez o maior herói das hqs, e o legado deixado por ele, será eterno.


sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Bem vindo a Conspiração!!!

  Existem animes que não são sobre poderes, não possuem lutas fantásticas, não se passam em outros mundos e nem possuem protagonistas poderosos. Eles são sobre a vida. Simples assim, seus personagens são pessoas normais, com sonhos e medos, e defeitos que os tornam tão...humanos...
  Nhk Ni Youkoso é um anime de 2006, baseado em uma light novel do mesmo nome, do autor Tatsuhiko Takimoto, que conta a história de Satõ Tatsuhiro, um hikikomori.



Hikikomori é um termo vindo do japonês para um comportamento de total isolamento social. Um hikikomori não sai de sua casa para nada, não estuda, não trabalha, saindo por completo do convívio social. Um hikikomori possuí fobia extrema de pessoas e situações sociais, e se isola completamente.

  O protagonista surtou quando estava começando sua faculdade, acreditava que todos ao seu redor o desprezavam acabou se isolando em seu quarto, de onde não saiu pelos últimos três anos. Mas, ao seu ver, tudo não passa de uma conspiração, magistralmente orquestrada pela mais maligna das organizações que regem o mundo em segredo. A terrível Nippon Hikikomori Kyokai - NHK!
  Satõ não possui nenhuma habilidade social, nunca teve um emprego, sobrevivendo com uma
mesada enviada por seus pais. Nesse momento, você deve estar pensando: "que anime lamentável, não tem como ser bom", mas seu engano é enorme. A habilidade de alguns animes de nos contar histórias simples e cativantes é algo fora do normal.

Na realidade NHK se refere a emissora de tv Nippon Hōsō Kyōkai, mas dentro da série se refere a Nippon Hikikomori Kyokai algo como "Associação Japonesa dos Hikikomori", uma reivindicação do protagonista de uma conspiração feita pela NHK (emissora) para criar NHK (grupo do hikikomori)

   A tranquilidade hikikomori de Satõ é perturbado quando uma garota bate em sua porta, e diz possuir a cura para a fobia do pobre hikikomori. Misaki, que acredita ter desenvolvido o projeto perfeito para reabilitar hikikomoris, passa a obrigar Satõ a frequentar sessões de seu "projeto", onde irá passar a ele lições que o reintegrem a sociedade.
  Porém, Satõ é orgulhoso, e se nega a admitir sua condição. Acaba mentindo que seu isolamento se deve ao fato de ele ser um desenvolvedor de jogos indies, e acaba prometendo a menina que entregara um jogo de sua autoria.
  Para cumprir tal promessa, Satõ contara com seu antigo amigo de escola, Yamazaki, que para surpresa do hikikomori, era seu vizinho. Os dois então partem numa jornada, para a produção do jogo perfeito!!




  Foi impossível pra mim não me identificar com o protagonista. Seus dilemas, a ansiedade de ter que ir a um determinado lugar, são coisas que eu acabo passando também, não que eu seja um
hikikomori, mas antissocial como sou, vi vários de meus pensamentos replicados nele. A dinâmica entre os personagens é muito divertida, principalmente da dupla Yamazaki e Satõ.
  E com o passar dos episódios, você nota que todas as pessoas têm problemas. Cada personagem que te é apresentado parece precisar de ajuda, como se estivessem perdidos na vida. E não é assim que as coisas são? Não vivemos dando cabeçada em paredes, buscando o caminho certo pelo qual devemos trilhar?
  A trilha sonora passa uma melancolia que dá um nó no coração as vezes, fazendo um grande contraste com as cenas cômicas. O anime é muito gostoso de assistir, e quando terminei seus poucos 24 episódios, me peguei com os olhos marejados, já sentindo saudades daqueles personagens.




  O anime aborda temas fortes, como o suicídio, depressão, abuso, e a grande mensagem, é de que se você viver, e continuar a correr, coisas boas irão acontecer. Não que você vá encontrar a solução definitiva para seus problemas... a vida é uma constante luta, da qual você nunca irá se livrar.
  Com essa atual enxurrada de animes ruins, extremamente coloridos e com histórias genéricas, foi bom encontrar um anime assim. Nhk ni Youkoso é do tipo de anime que ficará para sempre em minha memória, e é por histórias assim, que eu gosto de animes.
  A dica é, assista o anime, e escute a trilha sonora depois. Abra sua mente para um anime um pouco diferente, tenho certeza que sua experiência valerá a pena.



E não se esqueça!! É tudo uma conspiração!!! Da terrível



NIHON



HIKIKOMORI



KYOKAI

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Alma dos soldados

  O cosmo despertou em mim, quando finalmente entrou em promoção Os Cavaleiros do Zodíaco: Alma dos Soldados. O jogo, que conta toda a história do anime, desde as doze casas até Hades, foi lançado em 2015, para Ps3, Ps4 e Pc, e meio atrasado, pude jogar o game.

  A dublagem feita pela EcoGames, nos estúdios DuBrasil foi primorosa. Salvo algumas poucas exceções, todas as marcantes vozes originais estão presentes, dando um charme nostálgico único ao game. E como a história passa por todas as sagas, é possível rever cenas marcantes, como o embate de Camus e Hyoga, ou a luta de Siegfried contra Sorento, Ikki contra Kanon... está tudo ali, pra ser protagonizado por você.
 A quantidade de personagens também é um ponto muito forte do jogo. Ao todo são 48, tendo todos os guerreiros deuses, todos os generais marinas, os três juízes do inferno, e todos os deuses que apareceram no anime, e isso inclui os gêmeos Thanatos e Hypnos. Há também uma variedade gigantesca de trajes e armaduras para ser desbloqueadas, inclusive as lendárias armaduras divinas.




Ou seja, o jogo é completo. Quem é fã de cavaleiros vai delirar, principalmente com a dublagem. Porém, o jogo tá muito longe de ser perfeito. O modo história deixa a desejar, já que as cutscenes, que poderiam ser animações épicas refazendo as cenas do anime, são fracas cenas feitas com os bonecos do jogo, com trilha genérica e pouco recurso, mais parecendo uma brincadeira de Cloth Myth sem emoção e expressão alguma.



  Se as cutscenes pecam, as batalhas somam pontos. A variedade de golpes é um ponto forte, e grandes batalhas estão sendo travadas entre Kaito e eu. E como tá dublado, fica ainda melhor. Minha única reclamação é por ser muito fácil evitar o golpe mais forte, o supremo Abb... mas isso acaba sendo apenas um pequeno detalhe.
  É muito divertido ter todos os personagens disponíveis, com tanta variedade de armaduras. Quem nunca quis fazer uma invasão de espectros a Asgard? Ou uma revanche dos cavaleiros de ouro contra os generais marinas?


E por falar em cavaleiros, o Ishida, lá do MangáMania fez um video, montando o seu santuário ideal, confere ai:

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O último de nós

   Existem jogos que nos proporciona experiências únicas, que nos marcam de tal maneira, nos cativam e nos emocionam de tal forma, que nos fazem sentir orgulho, sim orgulho, de ser gamer, e poder estar vivendo (sim eu digo vivendo) aquela história.



   The Last of Us é um jogo consagrado, e está entre os melhores, os mais épicos que já joguei, e sei que não são poucos os que concordam comigo. The Last of Us e mais que um simples jogo de zumbis, é uma história sobre o quão terrível é ver todos a sua volta morrerem, todos os que você ama, e você se tornar " o último de nós".


 
 O jogo já começa com um menu espetacular. A melancolia que a música passa, ali baixinha, mostrando nada além de uma janela, uma sensação de abandono e solidão enchem sua alma.. e a tela de carregamento, com esporos voando...tudo isso já te ambiente na tristeza dos personagens que vivem naquele mundo devastado.
     O cordyceps é um fungo que domina seu hospedeiro, e o controla, muda seu comportamento, de
forma que possa auxiliar na reprodução do fungo. A doença começou nas zonas rurais, sendo abafado pelo governo, e quando todos se deram conta, já era tarde demais. Houve o caos, pessoas tentando fugir, enquanto doentes perdiam sua humanidade e se tornavam monstros.
    A espiral de desespero em que o jogo começa é uma vaga tentativa de Joel de proteger aquilo que lhe é mais precioso. Sua filha, que acaba sendo morta, as ordens do exército era de não deixar ninguém sair da cidade, numa vã esperança de conter a doença. E tal medida acabou por vitimar a pequena Sarah ,e com ela, o coração de seu pai vai junto.
   Não sabemos ao certo como as coisas se desenrolaram após isso. Houveram evacuações em massa, das quais Joel e Tommy participaram. Zonas de quarentena foram estabelecidas, para onde as pessoas foram levadas. Algumas se esconderam, algumas tentaram se proteger, e durante todo o jogo nós encontramos registros, anotações e as esperanças de pessoas que foram deixadas para trás. Em uma escola de alguma cidade mais afastada, encontramos um abrigo, onde os alunos tentavam se manter vivos, até serem encontrados pelo exército. Porém, as buscas em um determinado momento foram encerradas, e na escola, não encontramos ninguém vivo, apenas infectados, vários clickers e até mesmo um Bloater .



   A busca pela cura era algo que dava esperança as pessoas. Mas houve um vazamento de relatórios da Oms, que mostravam que uma cura nunca seria encontrada. E talvez foi nesse momento que tudo colapsou de vez. Sabemos que Joel e Tommy já foram caçadores, e fizeram coisas terríveis. Em um diálogo entre os irmãos, Tommy diz que ainda tem pesadelos com todos aqueles dias. Foi tudo terrível demais, e se você é do tipo que joga games de zumbis e fica nessa de "vem apocalipse zumbi", aprenda uma coisa: Tudo que você vai conseguir é ver todos os que ama tendo mortes horríveis, ou se tornando aquelas cosias das quais você está fugindo, e será você quem irá precisar matar sua própria família. E no fim, se tiver sobrevivido, estará tão destruído por dentro, que não irá acreditar em mais nada. Nada será capaz de aplacar a dor que você irá sentir...
 
 Nossa jornada começa uns vinte e cinco anos depois do começo do surto, e as coisas meio que se estabeleceram. Existem as zonas de quarentena, onde se vive mal, mas pelo menos existe segurança. Existe os Vaga-lumes, que tentam derrubar o governo militar atual, e também buscam encontrar uma cura. Os caçadores tomaram algumas zonas de quarentena que entraram em colapso, e muitos lugares pertencem aos infectados agora. E alguns vivem isolados, como o Bill, alguns tentam criar abrigos em locais improváveis, como o pobre Ish.
   Nossa missão é levar a garota, Ellie, até uma base dos vaga-lumes. Ela é imune, e através dela, uma cura poderá ser descoberta. Joel e Tess apostam tudo nisso. Na verdade, Tess aposta, e a morte da companheira é o que acaba obrigando Joel a seguir com o serviço. Mas tudo dá errado, e o que parecia ser simples se torna em uma longa e desesperada viagem.
   Joel não quer se apegar a Ellie. Ele não suportaria mais uma perda. Seu coração endurecido tenta manter as coisas no modo profissional. Mas os dois passam por tanta coisa juntos...



 
Ellie nunca conheceu o mundo antes, já tendo nascido após a queda da sociedade. E como ela mesmo diz, todos que ela conheceu, todos que ela gostava se foram. Tudo que resta a ela é o Joel, que não queria ter esse tipo de envolvimento com mais ninguém... mas acaba percebendo que Ellie é agora

sua família, sua amiga, sua filha...tudo que lhe resta.
   O laço entre os dois é forjado por fogo e sangue, forjado por nós que estamos ali jogando com o coração nas mãos, torcendo para que tudo dê certo. Mas a terrível conclusão é que para encontrar a cura, Ellie deve morrer. Para que o parasita em seu cérebro possa ser coletado, ela deve morrer. Marlene, que a conhecia desde o nascimento, e conheceu sua mãe, tentava se convencer de que estava fazendo o que é certo. Ao passo de que Joel não aceita de forma alguma... mas qual diabos seria a escolha certa? Salvar a humanidade, e matar a última pessoa com quem você consegue se importar, pela qual você lutou para manter viva, ou sacrificar toda a pequena chance de mudar essa situação terrível do mundo, para que apenas uma pessoa viva alguns dias a mais, até que o acaso resolva destrui-la também?
    Não vejo otimismo nesse mundo, um dia todos irão acabar caindo ante os infectados. Foi assim com a comunidade que Ish criou, onde um descuido vitimou todos. Cedo ou tarde, todos nesse mundo irão ser cercados pela terrível doença, e não restará zona de quarentena, nem caçadores, apenas o abandono de um mundo vazio. E para Ellie, quando tudo passar, quando todos tiverem morrido, ela ainda estará lá, sozinha... e esse é seu maior medo. Tanto que ela não se importaria em morrer, para dar a humanidade, mais uma chance.
   Não há certo ou errado nesse final. E Joel escolhe Ellie. Escolhe destruir a pesquisa pela cura. Escolhe salvar aquela que o fez se importar novamente. E não importa o que, você precisa encontrar um motivo para continuar lutando...