quarta-feira, 2 de novembro de 2016

O último de nós

   Existem jogos que nos proporciona experiências únicas, que nos marcam de tal maneira, nos cativam e nos emocionam de tal forma, que nos fazem sentir orgulho, sim orgulho, de ser gamer, e poder estar vivendo (sim eu digo vivendo) aquela história.



   The Last of Us é um jogo consagrado, e está entre os melhores, os mais épicos que já joguei, e sei que não são poucos os que concordam comigo. The Last of Us e mais que um simples jogo de zumbis, é uma história sobre o quão terrível é ver todos a sua volta morrerem, todos os que você ama, e você se tornar " o último de nós".


 
 O jogo já começa com um menu espetacular. A melancolia que a música passa, ali baixinha, mostrando nada além de uma janela, uma sensação de abandono e solidão enchem sua alma.. e a tela de carregamento, com esporos voando...tudo isso já te ambiente na tristeza dos personagens que vivem naquele mundo devastado.
     O cordyceps é um fungo que domina seu hospedeiro, e o controla, muda seu comportamento, de
forma que possa auxiliar na reprodução do fungo. A doença começou nas zonas rurais, sendo abafado pelo governo, e quando todos se deram conta, já era tarde demais. Houve o caos, pessoas tentando fugir, enquanto doentes perdiam sua humanidade e se tornavam monstros.
    A espiral de desespero em que o jogo começa é uma vaga tentativa de Joel de proteger aquilo que lhe é mais precioso. Sua filha, que acaba sendo morta, as ordens do exército era de não deixar ninguém sair da cidade, numa vã esperança de conter a doença. E tal medida acabou por vitimar a pequena Sarah ,e com ela, o coração de seu pai vai junto.
   Não sabemos ao certo como as coisas se desenrolaram após isso. Houveram evacuações em massa, das quais Joel e Tommy participaram. Zonas de quarentena foram estabelecidas, para onde as pessoas foram levadas. Algumas se esconderam, algumas tentaram se proteger, e durante todo o jogo nós encontramos registros, anotações e as esperanças de pessoas que foram deixadas para trás. Em uma escola de alguma cidade mais afastada, encontramos um abrigo, onde os alunos tentavam se manter vivos, até serem encontrados pelo exército. Porém, as buscas em um determinado momento foram encerradas, e na escola, não encontramos ninguém vivo, apenas infectados, vários clickers e até mesmo um Bloater .



   A busca pela cura era algo que dava esperança as pessoas. Mas houve um vazamento de relatórios da Oms, que mostravam que uma cura nunca seria encontrada. E talvez foi nesse momento que tudo colapsou de vez. Sabemos que Joel e Tommy já foram caçadores, e fizeram coisas terríveis. Em um diálogo entre os irmãos, Tommy diz que ainda tem pesadelos com todos aqueles dias. Foi tudo terrível demais, e se você é do tipo que joga games de zumbis e fica nessa de "vem apocalipse zumbi", aprenda uma coisa: Tudo que você vai conseguir é ver todos os que ama tendo mortes horríveis, ou se tornando aquelas cosias das quais você está fugindo, e será você quem irá precisar matar sua própria família. E no fim, se tiver sobrevivido, estará tão destruído por dentro, que não irá acreditar em mais nada. Nada será capaz de aplacar a dor que você irá sentir...
 
 Nossa jornada começa uns vinte e cinco anos depois do começo do surto, e as coisas meio que se estabeleceram. Existem as zonas de quarentena, onde se vive mal, mas pelo menos existe segurança. Existe os Vaga-lumes, que tentam derrubar o governo militar atual, e também buscam encontrar uma cura. Os caçadores tomaram algumas zonas de quarentena que entraram em colapso, e muitos lugares pertencem aos infectados agora. E alguns vivem isolados, como o Bill, alguns tentam criar abrigos em locais improváveis, como o pobre Ish.
   Nossa missão é levar a garota, Ellie, até uma base dos vaga-lumes. Ela é imune, e através dela, uma cura poderá ser descoberta. Joel e Tess apostam tudo nisso. Na verdade, Tess aposta, e a morte da companheira é o que acaba obrigando Joel a seguir com o serviço. Mas tudo dá errado, e o que parecia ser simples se torna em uma longa e desesperada viagem.
   Joel não quer se apegar a Ellie. Ele não suportaria mais uma perda. Seu coração endurecido tenta manter as coisas no modo profissional. Mas os dois passam por tanta coisa juntos...



 
Ellie nunca conheceu o mundo antes, já tendo nascido após a queda da sociedade. E como ela mesmo diz, todos que ela conheceu, todos que ela gostava se foram. Tudo que resta a ela é o Joel, que não queria ter esse tipo de envolvimento com mais ninguém... mas acaba percebendo que Ellie é agora

sua família, sua amiga, sua filha...tudo que lhe resta.
   O laço entre os dois é forjado por fogo e sangue, forjado por nós que estamos ali jogando com o coração nas mãos, torcendo para que tudo dê certo. Mas a terrível conclusão é que para encontrar a cura, Ellie deve morrer. Para que o parasita em seu cérebro possa ser coletado, ela deve morrer. Marlene, que a conhecia desde o nascimento, e conheceu sua mãe, tentava se convencer de que estava fazendo o que é certo. Ao passo de que Joel não aceita de forma alguma... mas qual diabos seria a escolha certa? Salvar a humanidade, e matar a última pessoa com quem você consegue se importar, pela qual você lutou para manter viva, ou sacrificar toda a pequena chance de mudar essa situação terrível do mundo, para que apenas uma pessoa viva alguns dias a mais, até que o acaso resolva destrui-la também?
    Não vejo otimismo nesse mundo, um dia todos irão acabar caindo ante os infectados. Foi assim com a comunidade que Ish criou, onde um descuido vitimou todos. Cedo ou tarde, todos nesse mundo irão ser cercados pela terrível doença, e não restará zona de quarentena, nem caçadores, apenas o abandono de um mundo vazio. E para Ellie, quando tudo passar, quando todos tiverem morrido, ela ainda estará lá, sozinha... e esse é seu maior medo. Tanto que ela não se importaria em morrer, para dar a humanidade, mais uma chance.
   Não há certo ou errado nesse final. E Joel escolhe Ellie. Escolhe destruir a pesquisa pela cura. Escolhe salvar aquela que o fez se importar novamente. E não importa o que, você precisa encontrar um motivo para continuar lutando...




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