terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Westworld

    Eu nem sei por onde começar esse post... Westworld, série da HBO que tem levado a alcunha de substituta de Game of Thrones, desenvolvida por Jonathan Nolan e Lisa Joy, estreou em outubro do ano passado. Com dez episódios, a série causou grande impacto no público, que formulou teorias e mais teorias, enquanto aguardam ansiosos pela segunda temporada.



   
Aguardei os dez episódios saírem, pra só então assistir a série. Fiquei alheio aos spoilers, e mergulhei na trama sem saber o que esperar. Westworld conta sobre um futuro distante (ou talvez nem tanto), onde a humanidade desenvolveu uma tecnologia de entretenimento um tanto incomum. Os androides com aparência humana e mente programada, chamados de anfitriões, que compõe um parque de diversões com a temática de velho oeste. Os convidados, pessoas ricas que pagam pra passar o tempo que quiserem no parque, podem fazer o que bem entenderem, matar, roubar, estuprar... Os anfitriões, além de não poderem ferir os convidados, ainda nem sequer sabem o que realmente são.
     Presos numa repetição, cada dia vivendo a mesma história, com desfechos alternados entre as brutalidades cometidas pelos visitantes.os anfitriões começam, aos poucos, a demonstrar um comportamento incomum: eles começam a lembrar. E isso mudará tudo.
     Se não assistiu, não prossiga daqui. A série é cheia, mas muito cheia de reviravoltas que irão de deixar de boca aberta. Por isso, pare de ler esse blog inútil e vá ver a série. Depois tu volta aqui.




     Afinal, o que nos define? o que molda nossa personalidade? Nossas memórias nos tornam aquilo que somos hoje, e é essa a ferramente utilizada pra forjar as personalidades dos anfitriões. Eles se lembram de um passado previamente escrito pela equipe de roteiristas do parque, com memórias que nunca aconteceram, e isso os molda, define seus comportamentos, E isso é assustador, o passado é abstrato, nossa única confirmação de que ele esteve lá, são nossas memórias! E como a série bem
mostra, basta uma redefinição e uma transferência de informações, e a pessoa que era Clementine passa a ser outro corpo.
     Presos naquela rotina, alheios ao verdadeiro propósito de suas existências, os anfitriões acreditam que são reais, que tem um futuro, que podem fazer escolhas. Seria o destino, algo que não pode ser alterado? Eles podem andar fora do texto escrito a eles?
  São muitas as reflexões possíveis de se fazer ao ver a série. Todo aquele papo de que o parque ajuda as pessoas a se encontrar nos faz pensar, que no fundo, cada pessoa é um animal, sedento por sangue e matança. Bastou entrarem em um ambiente sem leis, e os visitantes matavam e destruíam sem propósito, sem motivos. E quem não faria isso? Se num simples simulador como o Gta, eu já causo uma chacina, o que faria em um universo expandido como aquele parque? O que existe dentro do coração de cada um de nós, ali, escondido por conta ou das leis, ou da sociedade, ou por medo?
      E Deus? Essa voz que nos guia, seria real, ou fruto de uma programação imposta a nós pela
igreja? Nos últimos episódios, quando Dolores descobre que a voz que a guia era sua própria consciência, a série cita que a divindade, afinal de contas, está em nossa própria mente.  Afinal, se são nossas memórias quem nos definem, teria nossa mente poder pra nos fazer crer que algo que não está lá, existe. Que aquela inspiração para a realização de algum feito, seja ele bom ou mal, veio de um ser Superior, com propósitos maiores que nossa pequena existência.




 Err, chega de viajar um pouquin.

    Figurino da série, impecável. Trilha sonora excelente, afinal Ramin Djawadi, mesmo responsável pela trilha de Game of Thrones, chega a ser um gênio de tão bom que são as trilhas feitas por ele. É impressionante que ele tenha criado mais um tema de abertura tão único e cheio de identidade.
    Os personagens são muito bem construídos em suas jornadas, principalmente Maeva, Dolores e
sem sombra de dúvida, William. Todos possuem uma jornada absurda e repleta de reviravoltas, algumas você pode até prever, mas outras... O momento que mais surtei foi com Bernard. A revelação de que ele era um anfitrião me pegou de surpresa. Rodrigo Santoro tá muito bem como o criminosos Hector Escaton, é bom ver um ator brasileiro em um papel tão foda.
    Mas no final, nos damos conta de que existem outros parques. Pelo menos um com temática de samurais. O que esperar do futuro da série? Uma total rebelião das máquinas, guiadas pela Dolores/Skynet? Infelizmente, a nova temporada só em 2018, Nolan e Joy querem mais tempo pra produzir o roteiro. Ah, mas que levem o tempo que precisarem. Uma série genial assim merece ser bem lapidada, e muito aguardada.


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