terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

O sábio imperador

  Mais um conto galera! To tentando desenvolver uma mitologia pro meu livro, e esse contos estão pipocando aqui e ali.


O povo de Khoe sempre foi diferente dos demais povos que se espalharam por Eternal. A começar por sua aparência, possuem olhos esteiros e sagazes. Seu modo de luta também difere, são em sua maioria, mais honrados e contidos, e resolvem um combate, na maioria das vezes, em apenas um golpe, limpo e bem executado, com suas espadas longas chamadas de katanas.
Mas a maior diferença, é que o povo de Khoe serve ao deus da morte, Batros. A vida, de acordo com eles, é regida pela morte, pois é ela quem define sua extensão. Entretanto, são um povo que prega a paz, e seus guerreiros tendem a evitar o confronto.
Nos dias antigos, Khoe era governado por um homem muito sábio, o imperador Ging. Sua inteligência era incomparável, e muitos vinham até ele trazer enigmas que consideravam impossíveis de se solucionar, e o nobre rapidamente encontrava uma solução.
Tal sabedoria se refletiu em todas as áreas do reino, que prosperou grandemente. E, como não poderia ser diferente, despertou a inveja de seus vizinhos. Gerbadre, um dos reis de Helfigar, o reino dos anões, começou uma campanha de guerra conta Khoe. A guerra da rocha contra o ferro.
O que se diz era que Gerbadre era um dos seres favoritos da deusa da guerra, Hellia, e que a mesma o apoiava em todas as suas incursões. Dessa forma, Khoe foi sendo, aos poucos derrotada.
Ging desafiou Gerbadre para um duelo, mas não um envolvendo armas, mas sim um jogo de astúcia e estratégia, chamado Xingul.
Ging era invencível nesse jogo.
“ Ora, meu bom imperador “ disse Gerbadre “ certamente irá me vencer, que vantagem tenho eu neste duelo, se estou vencendo esta guerra? “
“ Ainda não propus meus termos”, respondeu o imperador “ jogaremos apostando alto. Se eu vencer, suas tropas irão recuar, e irá por fim a esta guerra. Meu povo lhe pagará tributo, e nunca mais pisarão os pés em meu reino. ”
“ Mas se me derrotares”, continuou Ging, “ Lhe darei a arma mais preciosa feita em meu reino, a espada Killigai, uma arma que não encontrará em nenhum lugar do mundo, pois jaz escondida em um túmulo secreto de nosso povo. “
Armas mágicas sempre despertam a cobiça dos anões, e Gerbadre aceitou o desafio. Khoe já comemorava o final da guerra, pois a vitória de seu imperador era certa. Mas Ging perdeu. E a espada lendária foi entregue ao anão. Pouco depois disso, Gerbadre liderava o maior ataque já visto contra a capital de Khoe.
Empunhando a Killigai, o anão tomou a frente do combate. Foi aí que a astúcia de Ging se mostrou.
Killigai era uma espada maldita, que fora forjada pelo próprio Batros, em segredo. Se ela for empunhada, libertária uma maldição terrível, que devoraria as almas de todos que estivessem por perto, que não possuíssem a marca do deus da morte.
O exército anão caiu pela maldição, e bateu em retirada, sendo depois perseguido pelos soldados vitoriosos de Khoe. Gerbadre teve sua alma devorada pela espada. Ging ganhou ainda mais notoriedade após esse feito.
Entretanto, Hellia se enfureceu.
A deusa da guerra criou uma maldição, e a chamou de Seol. Lançou-a sobre Ging.
Aos poucos, a sabedoria do imperador se converteu em loucura. Ging foi se tornando um homem paranoico, agressivo e irracional. Declarou guerra contra muitos de seus vassalos, os acusando de traição, e em acessos de fúria, matou seus filhos. Não era mais tão inteligente, e isso o deixava profundamente amargurado.
Aos poucos, foi perdendo a sanidade, até ser deposto, e aprisionado em algum lugar onde não pudesse ferir ninguém. Mas Ging despareceu, sendo encontrado algum tempo depois, morto, com uma espada cravada em seu corpo.
Em um último momento de sanidade, Ging empunhou a Killigai, e com ela, se matou. Dizem que sua alma ficou presa dentro da espada, e que após a morte, recuperou sua sabedoria. Outros dizem que sua alma vaga por Khoe, ensandecida, como uma besta selvagem, atacando quem entra em seu caminho.
Mas uma coisa é certa. Nunca houve, em Eternal, homem tão sábio quanto a este grande imperador.

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