Capitulo 1-2 — Sombra e sangue
— E então? — Alexander parecia aborrecido — O que era tão
importante que não podia ser dito pelo telefone?
— Você está ferido! — Liliane usava uma mini blusa combinando
com uma calça jeans — O que aconteceu?
— Não importa! O que Raegar descobriu?
— Precisamos cuidar destes machucados — Liliane puxou
Alexander pelo braço, mas este se desvencilhou — Olha quanto sangue... O que
foi que...
—Porra eu sou imortal lembra?! O que o porra do Raegar
descobriu?
—Descobri — Raegar entrou na sala, sorrindo ao ver que
Alexander estava ferido. Usava um sobretudo preto — que você foi depenado por
alguém.
—Que engraçado... Pensei que você fosse o demônio escravizado
— Ao ouvir isso, Raegar pareceu irar -se — Quem é o depenado agora?
— Um dia ainda vou te matar Alexander!
—Porra, quantas vezes tenho que dizer... Sou imortal!
—Parem com isso vocês dois! — Liliane capturou Alexander, e
começou a fazer os curativos — Apesar de ser imortal, você sente dor. Ninguém
gosta de sentir dor... Nossa! Já está quase curado?
— Meu poder de cura é acelerado. O que você descobriu
Raegar?
— Hunf! — Raegar encostou-se a uma parede — Chegaram três demônios
fortes na cidade.
Estavam em uma sala pequena, mal iluminada e empoeirada.
Alexander procurou um sofá, e se sentou, levantando poeira, enquanto Liliane
terminava o curativo:
— Três?Consegue dizer quem são?
— Não são do tipo que eu consiga rastrear... Mas posso
dizer, não são os peixes pequenos que você costuma enfrentar.
— Peixe pequeno igual a certo demônio a que escravizei? — Ao
ouvir isso, Raegar praguejou e saiu da sala.
Mais tarde, Alexander andava sem rumo pelas ruas da cidade.
Andava pelas vielas, mais vazias e silenciosas. Precisava pensar. Três demônios
fortes. As sombras. Estaria a guilda na cidade? Então quem era a mulher?Como
encontrar estes demônios?Já estava definindo os lugares aonde iria primeiro,
quando se deu conta de que se encontrava na mesma situação de algumas horas
atrás:
— Sombras, de novo?
Desta vez eram muitas, deviam chegar aos cem, encima dos prédios,
grudados nas paredes, escondidos nas sombras, a olhar para ele, como se estive matando-o
mentalmente. Procurou ao redor pela mesma mulher, mas para sua surpresa, ela
estava vindo em sua direção, caminhando calmamente, já a alguns metros dele.Ela
era ruiva, devia ter uns 28 anos, usava um sobretudo acinzentado, e um lenço prendia
seu cabelo, em cachos.
— Oh, não vai assistir de longe?
—Desta vez não — respondeu a mulher— aquilo foi um teste,
queria ver do que um dos imortais é capaz.
— E?
— Vim em nome de Gerard, te levar de volta para a Filii
Gloria.
— Uma lacaia então?
A guilda de Rafael tinha como prática, obter a ajuda de
terceiros, às vezes mercenários, outrora discípulos, já que seus números eram
bem menores que o das outras guildas. Eram ajudados por outros, sem lhes dar um
lugar na guilda.Aquela mulher não era exceção:
— Diga a Gerard que não pretendo voltar, assim como disse a
todos que vieram atrás de mim.
— Não podemos permitir que um traidor ande a solto por ai —
a mulher parecia uma fanática religiosa falando— por Rafael, e pelo bem da
humanidade eu vou te capturar e te levar de volta!
— Você baixou a guarda!
Raegar apareceu atrás da mulher, em um salto, com as garras
a mostra, mirando no pescoço da vítima. Porém, a mulher se moveu graciosamente
para a direita, deixando Raegar passar em seu salto veloz.Três sombras caíram sobre
Raegar, que se recompôs rapidamente,se
protegendo dos golpes e revidando.Raegar lutava como um selvagem, desferindo
patadas sem parar, mesmo quando era golpeado.Ignorando a briga, Alexander
atacou a mulher que se limitou a saltar para trás deixando Alexander a uma boa
distancia.
— Como pode rejeitar a graça de Rafael, e se rebelar contra
ele?
— Garota, você não viveu um terço do que eu vivi, não venha
questionar minhas ações!
— Queria eu estar no seu lugar!Mas agora até um imortal irá
cair!
As sombras atacaram. Um espetáculo de sangue e violência se sucedeu.
Todas ao mesmo tempo, não demorou para que Alexander estivesse coberto de
sangue.Se jogava aleatoriamente para os lados, e golpeava o primeiro que via em
sua frente. Sentia o metal rasgar - lhe a pele diversas vezes, mal enxergavam a
luta, apenas tentava sem sucesso se esquivar, e atacar. “Engraçado”pensou “acho que acabei de perder um braço!”. De
longe, pareciam corvos sobre a carcaça de um animal morto. Mas ele seguia em
pé, sem parar. Ouviu algo que parecia uma risada... devia ser a mulher.
Aquilo demorou um pouco. As sombras foram caindo uma a uma,
aos poucos os “corvos” foram desaparecendo, diante de um monstro feito de
sangue e aço.A mulher pode vislumbrar a força de Alexander. Enquanto uma sombra
o golpeou nas costas, ele atingiu o rosto de outra, rodou sobra o próprio corpo
e cravou a espada no estomago de outra, recebeu uma estocada no estomago, revidou com uma
decepação, alguém o atingiu na cabeça, abrindo uma fenda, Alexander atacou de
cima pra baixo, com toda a força, e depois de baixo para cima, um corte
horizontal, estocada, corte, corte, corte... As espadas iam atingindo – o, mas
ele só se preocupava com o pescoço, não podia ser decepado ou iria parar de se
mecher.
100, 80, 60, 40, 25, 15, 10, 7, 3, 1,0. Acabou a horda de
sombras.Alexander era uma figura vermelha toda deformada, perdera o braço
esquerdo, o olho direito, seu crânio estava rachado em dois lugares, seu
maxilar foi cortado, e seu corpo estava totalmente estraçalhado, mas ele se
mantinha em pé.
— Impossível! — Praguejou a mulher
Alexander já começava a se regenerar, mas devagar e dolorosamente.
Olhou em volta, Raegar já não estava lá.
— Para... bens — Resmungou Alexander, com sangue na boca —
nunca... Co... nheci alguém ...que do...minas...se tan...tas... Som... bras!
Ela estava assustada. Assustada demais para ver a figura
monstruosa que estava atrás dela. Antes que Alexander pudesse avisá – La , a
figura arrancou a cabeça da mulher, com garras semelhantes as de Raegar.
— Pobre peão — disse a figura, sua voz era grossa, um pouco
rouca e agressiva— morreu em um caso corriqueiro. Mas teve sua utilidade.
A figura era um homem. Alto, cabelo comprido e preto,
corpulento, olhos meio puxados, e semelhantes aos de uma cobra, seus caninos eram
pontudos, e sua expressão era a de um lobo selvagem e faminto. Usava uma
jaqueta de couro aberta, deixando o peitoral à mostra, onde uma cruz invertida
fora tatuada. Suas unhas eram grandes como garras. Olhou para Alexander:
—Yô! — Fez um aceno como comprimento
“Oh merda, um dos três que Raegar falou, este é...”
— Flizer Hanbert, ao seu dispor— apresentou – se o demônio
Flizer Hanbert, um dos líderes dos Athorsh.
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