quinta-feira, 26 de junho de 2014

Diário de Rorschach - 12 de outubro de 1985

 "Nesta manhã, no beco, havia um cão morto com marcas de pneu no ventre rasgado. A cidade tem medo de mim. Eu vi o rosto dela.
 As ruas são sarjetas dilatadas e essas sarjetas estão cheias de sangue. Quando os bueiros finalmente transbordarem, todos os ratos irão se afogar. A imundice acumulada de todo o sexo e matança que praticaram vai espumar até suas cinturas e todos os políticos e rameiras olharão para cima, gritando: salve-nos...e do alto, eu vou sussurrar:

NÃO.

 Eles tiveram escolha. Todos eles. Podiam ter seguido os passos de homens honrados como meu pai ou o presidente Truman. Homens decentes acreditavam no suor do trabalho honesto. Em vez disso, seguiram os excrementos de devassos e comunistas sem perceber, até ser tarde demais, que a trilha levava a um precipício. 
 Não me digam que eles não tiveram opção.
 Agora o mundo todo está na beira do abismo, contemplando os liberais, intelectuais e sedutores de fala macia que ardem no inferno... e, de repente, ninguém mais sabe o que dizer."



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