domingo, 23 de outubro de 2016

Life is Strange

     Adoro quando o jogo tem escolhas! Desde coisas simples,como escolher o que seu personagem irá dizer durante uma conversa, até coisas maiores, como escolher quem salvar, ou qual inimigo matar, sempre me cativam. E isso tem evoluído junto com as gerações, agora as escolhas causam impactos e mudam completamente a linha da história do jogo. The Witcher 3 trouxe isso em níveis jamais vistos, onde eu consegui uma história completamente diferente da de meu irmão, personagens vivos em meu jogo que no dele estavam mortos.
    A Telltale trouxe jogos de diálogos e escolhas para o centro das atenções de novo. E na onda, veio Life is Strange, jogo da Square Enix, do começo do ano passado, que mistura o gênero de escolhas com viagem no tempo. Como não adorar isso?



   
A premissa do jogo é algo simples, de primeira vista. Sim, a personagem principal, Max, pode manipular o tempo, mas ela não altera o curso da humanidade, nem impede uma gigantesca rebelião das máquinas. A história se concentra no cotidiano da escola Blackwell, na pequena cidade de Arcadia Bay, e mesmo a visão apocalíptica que temos logo de cara parece algo distante, quase impossível de acontecer.
    A história vai evoluindo e crescendo no decorrer de seus capítulos, junto com o drama dos personagens e a escala de poderes da Max, mas tudo com calma, bem feito e amarradinho. A trama é pesada, sobre perdas, abusos, bullying, e como a amizade pode superar todas as tragédias que cercam nosso cotidiano.
   Com gráficos artísticos, trilha sonora muito bem escolhida, e o carisma de todo mundo ali, o jogo se torna envolvente, e cada escolha que o jogador toma, na pele da Max, reverberará por todo o jogo (por isso pense bem antes de ir contra alguém, em uma discussão), mas o que é isso, senão um reflexo de nossas vidas?


    Maxine Caulfield, nossa personagem principal, é uma estudante de fotografia, muito talentosa por sinal, que havia ido embora de Arcadia Bay, após um triste evento de sua infância. De volta a pequena cidade, atraída pelo famoso professor de fotografia, Mark Jefferson, ela se sente meio solitária e deslocada.
   Alguma situação estranha tá rolando, uma das alunas, Kate Marsh, parece estar sofrendo bullying por conta de algum vídeo que anda sendo espalhado pela internet, e Max não sabe ao certo o que fazer para ajudar a amiga. Logo de cara, no começo do jogo, Max tem uma visão de um tornado destruindo a cidade, algo que parece não fazer muito sentido, mas forte o suficiente para tirar a atenção dela naquela manhã.
   Depois da aula, Max vai até o banheiro, no caminho, você pode ir interagindo com tudo e todos, algo que também me ganha em um jogo, me faz sentir que realmente eu faço parte daquele mundo. Enquanto ela fotografa uma borboleta, perdida por ali, um garoto entra no banheiro, seguido de uma garota de cabelo azul. Escondida, Max os observa discutindo, e então, o jovem saca uma arma, e dispara contra a garota.
   Chocada, Max vê a jovem de cabelos azuis agonizando, e quando se dá conta... ela voltou ao começo da aula, onde havíamos começado o jogo! Genial, me ganhou ai! Sou fascinado em viagem no tempo, e quando bem feito, temos histórias lindamente marcantes. Esse jogo me ensinou uma lição (eu que sou metido a escritor), pra uma história dessas ser boa, foque nos personagens! Sim! O
foco do jogo nunca são seus poderes, como os ganhou, ou até mesmo o futuro catastrófico que ela vislumbrou, mas sim a vida deles, e qual o impacto que os poderes de Max vão causar sobre todos ao seu redor.  Isso porque ela corre ao banheiro, e impede a garota de ser assassinada! E essa garota é sua antiga amiga de infância, de quem ela havia se afastado, Chloe Price!
   A partir daí, a trama se desenrola, algo obscuro está acontecendo na escola, algo envolvendo os poderosos Precott, e seu psicótico filho Nathan, e uma garota desaparecida, que era amiga de Chloe. Enquanto investigam as coisas, Max vai evoluindo seus poderes, e escolham e consequências caem sob seus ombros. Não te parece fantástico? Se você não jogou ainda, esse post termina aqui pra você. A partir daqui, Spoilers, e não aconselho-o a continuar.


    Cada final de capítulo é uma facada no coração. Não sei qual me deixou mais chocado, se o final do terceiro, quando, ao mudar todo o passado, Max se depara com uma Chloe tetraplégica em uma cadeiras de rodas, que te da um aperto no coração, por sinal; ou o impactante (e ponto alto do jogo, pra mim) final do quarto capitulo, quando tudo muda! Tudo!!! O verdadeiro maniaco era Jefferson, o professor boa pinta e gente boa, em quem depositei toda a minha confiança!Que reviravolta dos infernos!!!
    Os poderes de Max me lembraram os poderes do Dastan, do Prince of Persia (hehehehehehe, to
falando sério), uma pequena rebobinada no tempo aqui, pra desfazer uma cagada, uma congelada no tempo ali. Quando Max congelou o tempo, pra resgatar Kate no terraço, meu coração congelou junto. É incrível como quem tá jogando acaba imerso na trama, se preocupando com os personagens, e ficando aflito quando alguém tá em perigo.
   Naturalmente, quem mexe com o tempo, acaba encontrado formas de voltar muito no passado, e criar linhas do tempo alternativas. Mas cada alteração dessas só trouxe mais dor a Max, pelas escolhas que ela precisou tomar para deixar tudo como era antes.
   E conforme o jogo vai progredindo, a trama parece tão absoluta, tão terrível, que até nos esquecemos do tornado que parece estar vindo para acabar com a cidade. O legal de um jogo de escolhas, é que ele será único para cada jogador. cada um que pegar um controle, e se envolver em seus diálogos, terá uma experiencia única e diferente dos demais.
    Com o final do jogo, fica a grande lição. A vida é feita de escolhas (eita clichê, mas pera que não acabei de filosofar), e tudo que você escolher irá gerar uma perda. Não adiante buscar a felicidade plena e absoluta, você sempre irá perder algo, ou machucar alguém. Escolher entre a melhor amiga ou a cidade quer nos dizer isso. Não importa o que façamos, no final, nossas escolhas deixaram marcas em nossas almas, e teremos que aprender a viver com elas.
     O final do jogo é absoluto e completo, e não me arrependo da escolha que fiz! No final das contas, acho que não veremos um jogo desses assim tão já, algo que mexa com nosso emocional desse jeito. Life is Strange é poque de eu gostar de games. É uma história tão forte, contada de uma maneira tão intensa, que só os games sabem contar. E viver essas histórias, é algo que quem joga tem o privilégio de fazer.


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