Primeiro capitulo deste conto de minha autoria. A estrutura da narração se passa em primeira pessoa, ou seja, conta aquilo que o personagem principal estará vendo. E a história irá abordar o ponto de vista de dois personagens. Para facilitar, vou colocar o nome do personagem abordado no inicio do capitulo. Boa leitura, e comentem.
Alan
Costumávamos ser uma família. Não era tudo perfeito, mas
éramos felizes. Meu irmão, Marcos, 27 anos, após perder sua esposa, passou a
morar junto com meu pai, Lúcio, 45, e a ajuda-lo com suas pesquisas. Meu pai
escrevia para uma revista de assuntos paranormais, e para tanto, pesquisava os
mais estranhos assuntos, que iam desde ufos, até demônios, coisas das quais eu
nunca dei muito crédito.
Lembro-me de uma que
havia me despertado um interesse em particular. O título era: “Andrioss, os
seres imortais”. Nela meu pai dizia que em nossa sociedade, desde os tempos
antigos, vivia de modo secreto, um grupo de pessoas cujo corpo não envelhece, e
não pode ser destruídos. Chamavam- se Andrioss, e eram tidos como imortais. A
crença prega que eles vinham atravessando gerações, sendo hoje os seres mais
fortes, tanto em conhecimento, como em recursos, de nosso mundo.
Os Andrioss
formavam uma sociedade. Os Téleios, que ostentavam este símbolo, λ, vermelho
sobre o fundo negro. Os Téleios seriam uma sociedade que manipularia o mundo. E
eles possuíam um plano para as grandes massas.
Obviamente que não havia
provas. Tais histórias nunca havia provas. Quando falei com meu pai sobre a
matéria, ele apenas riu. “Se os Téleios tem um plano para as grandes massas,
espero que não tenha fila no dia.” Meu pai não era mais crente do que eu.
Apenas minha noiva, Alessandra, dizia que eu não devia rir do desconhecido. Ela
sempre dizia que se deve “respeitar aquilo que não conhecemos.” Mas eu sempre
ria dela também.
Mas agora já não
posso mais rir. Estão todos mortos. E eu falo com um mensageiro da morte!
Chamo-me Alan,
tenho 21 anos, e ia me casar em alguns meses. Mas algo estranho aconteceu, e de
repente, me vi sozinho neste mundo. Já fazia um mês e meio desde que todos
haviam morrido. Nos primeiros dias, me limitei a beber. Esperava que, de alguma
forma, a bebida apagasse minha memória.
Não resolveu.
Depois veio a aceitação. Tentei seguir em frente.
Mas, após ir mais
afundo nas pesquisas, descobri que meu pai não era tão incrédulo quanto se
mostrava ser. Ele acreditava! Havia várias anotações, várias observações,
rituais, e sempre marcações de “importante” ou “tome nota”. O que ele estaria
procurando?
Havia uma pesquisa
sobre a morte. Havia fotos de possíveis aparições da entidade, os sinais que a
precediam, e de pessoas marcadas por ela. Nesta pesquisa também havia citação
dos Andrioss. Dizia que a morte honraria a pessoa que matasse um Andrioss, e
lhe atenderia um pedido...
Nesta pesquisa havia
instruções de como falar com a morte. Era arriscado.
Agora compreendo que
as aparições, as fotos, não eram da morte. Eram de um Eliezer. A pesquisa de
meu pai se mostrava verídica, bem na minha frente.
Ele exalava um cheiro de podridão e doença.
Seu rosto esquelético às vezes ocultava-se no capuz.
Após ouvir minha
proposta, o Eliezer se mostrou mais incrédulo do que eu esperava. Após um
silencio que devia ter durado um bom par de minutos, ele finalmente fez sua voz
demoníaca soar, de forma alta e clara:
— Muito bem, se você
se julga capaz de matar algo que se diz imortal, não vou impedi-lo. Sim, esta
oferta é válida. A morte reviveria alguém em troca da alma de um Andrioss.
— C-certo. Então...
— Porém... Você não quer uma pessoa, quer? Você quer três!
Para reviver os três, apenas três Andrioss serão aceitos!
— O quê? — As coisas não corriam bem, sabia onde encontrar
apenas um Andrioss, mas três iam além de minhas capacidades — Não, três não serão
possíveis, eu...
— Então — ele me interrompeu com a voz trovejando — terá que
escolher qual dos três irá querer reviver!!
— Escolher? Eu não posso...
— Não me importa! Alma por alma, este é o acordo! A cada
Andrioss que você matar, poderá escolher uma pessoa!!
Não tinha
argumentos. O que poderia dizer contra
ele? Ele poderia simplesmente ir embora,
e não reviver ninguém.
— Terá as almas devolvidas — disse ele, se levantando —
assim que eu tiver minhas almas. Não precisamos selar nenhum acordo, assim, se
você desistir, não ficará em débito com a morte. Não precisa me procurar, eu o
encontro quando se fizer necessário.
— Que provas terei de que cumprirá o que promete?
— O quê? — de alguma forma, aquela pergunta o irritou— Acha
que somos o que? Humanos? Não mentimos, e ao contrário de vocês, nossa palavra
tem algum valor!
O Eliezer praguejou,
depois começou a caminhar, ainda mais ao fundo do cemitério, até não ter sido
mais possível vê-lo.
Três? Em suas pesquisas,
meu pai encontrara apenas um Andrioss. E não havia provas de que ele era mesmo
um Andrioss.
Era um homem
influente. Oficialmente era dono de uma grande rede de automóveis, embora
houvesse suspeita de envolvimento com a máfia Italiana, além de tráfico de
drogas, lavagem de dinheiro, extorsão, entre outras coisas. Já haviam prendido
ele uma vez, na França, mas ele conseguiu a liberdade, por falta de provas. Seu
nome era Ricchard Krastan, era um homem peculiar. Aparentava ter uns 29 anos,
era alto, tinha um físico bom, e várias tatuagens pelo corpo. Seu cabelo era um
moicano baixo, tinha vários brincos nas orelhas, dois piercings na sobrancelha
esquerda, e um do mesmo lado do lábio inferior de sua boca. Mas o mais incomum
nele aram seus olhos. Suas pupilas eram
contraídas, e de um negro muito escuro, ao passo que sua íris era branca. Olhos
assustadores. Olhos que pareciam ser capazes de esquadrinhar até mesmo as almas das pessoas.
Olhos de um Imortal.
Nunca me interessei por leitura, mas é impossível não prestar atenção. Está ficando muito bom.
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