segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Imortais - capitulo 1 - O acordo

  Caso não tenha lido o prólogo, clique aqui.

 Primeiro capitulo deste conto de minha autoria. A estrutura da narração se passa em primeira pessoa, ou seja, conta aquilo que o personagem principal estará vendo. E a história irá abordar o ponto de vista de dois personagens. Para facilitar, vou colocar o nome do personagem abordado no inicio do capitulo. Boa leitura, e comentem.

                                      Alan 



Costumávamos ser uma família. Não era tudo perfeito, mas éramos felizes. Meu irmão, Marcos, 27 anos, após perder sua esposa, passou a morar junto com meu pai, Lúcio, 45, e a ajuda-lo com suas pesquisas. Meu pai escrevia para uma revista de assuntos paranormais, e para tanto, pesquisava os mais estranhos assuntos, que iam desde ufos, até demônios, coisas das quais eu nunca dei muito crédito.
  Lembro-me de uma que havia me despertado um interesse em particular. O título era: “Andrioss, os seres imortais”. Nela meu pai dizia que em nossa sociedade, desde os tempos antigos, vivia de modo secreto, um grupo de pessoas cujo corpo não envelhece, e não pode ser destruídos. Chamavam- se Andrioss, e eram tidos como imortais. A crença prega que eles vinham atravessando gerações, sendo hoje os seres mais fortes, tanto em conhecimento, como em recursos, de nosso mundo.
   Os Andrioss formavam uma sociedade. Os Téleios, que ostentavam este símbolo, λ, vermelho sobre o fundo negro. Os Téleios seriam uma sociedade que manipularia o mundo. E eles possuíam um plano para as grandes massas.
  Obviamente que não havia provas. Tais histórias nunca havia provas. Quando falei com meu pai sobre a matéria, ele apenas riu. “Se os Téleios tem um plano para as grandes massas, espero que não tenha fila no dia.” Meu pai não era mais crente do que eu. Apenas minha noiva, Alessandra, dizia que eu não devia rir do desconhecido. Ela sempre dizia que se deve “respeitar aquilo que não conhecemos.” Mas eu sempre ria dela também.
   Mas agora já não posso mais rir. Estão todos mortos. E eu falo com um mensageiro da morte!

   Chamo-me Alan, tenho 21 anos, e ia me casar em alguns meses. Mas algo estranho aconteceu, e de repente, me vi sozinho neste mundo. Já fazia um mês e meio desde que todos haviam morrido. Nos primeiros dias, me limitei a beber. Esperava que, de alguma forma, a bebida apagasse minha memória.
Não resolveu.
Depois veio a aceitação. Tentei seguir em frente.
  Mas, após ir mais afundo nas pesquisas, descobri que meu pai não era tão incrédulo quanto se mostrava ser. Ele acreditava! Havia várias anotações, várias observações, rituais, e sempre marcações de “importante” ou “tome nota”. O que ele estaria procurando?
  Havia uma pesquisa sobre a morte. Havia fotos de possíveis aparições da entidade, os sinais que a precediam, e de pessoas marcadas por ela. Nesta pesquisa também havia citação dos Andrioss. Dizia que a morte honraria a pessoa que matasse um Andrioss, e lhe atenderia um pedido...
  Nesta pesquisa havia instruções de como falar com a morte. Era arriscado.
  Agora compreendo que as aparições, as fotos, não eram da morte. Eram de um Eliezer. A pesquisa de meu pai se mostrava verídica, bem na minha frente.
   Ele exalava um cheiro de podridão e doença. Seu rosto esquelético às vezes ocultava-se no capuz.
  Após ouvir minha proposta, o Eliezer se mostrou mais incrédulo do que eu esperava. Após um silencio que devia ter durado um bom par de minutos, ele finalmente fez sua voz demoníaca soar, de forma alta e clara:
  — Muito bem, se você se julga capaz de matar algo que se diz imortal, não vou impedi-lo. Sim, esta oferta é válida. A morte reviveria alguém em troca da alma de um Andrioss.
— C-certo. Então...
— Porém... Você não quer uma pessoa, quer? Você quer três! Para reviver os três, apenas três Andrioss serão aceitos!
— O quê? — As coisas não corriam bem, sabia onde encontrar apenas um Andrioss, mas três iam além de minhas capacidades — Não, três não serão possíveis, eu...
— Então — ele me interrompeu com a voz trovejando — terá que escolher qual dos três irá querer reviver!!
— Escolher? Eu não posso...
— Não me importa! Alma por alma, este é o acordo! A cada Andrioss que você matar, poderá escolher uma pessoa!!
  Não tinha argumentos.  O que poderia dizer contra ele?  Ele poderia simplesmente ir embora, e não reviver ninguém.
— Terá as almas devolvidas — disse ele, se levantando — assim que eu tiver minhas almas. Não precisamos selar nenhum acordo, assim, se você desistir, não ficará em débito com a morte. Não precisa me procurar, eu o encontro quando se fizer necessário.
— Que provas terei de que cumprirá o que promete?
— O quê? — de alguma forma, aquela pergunta o irritou— Acha que somos o que? Humanos? Não mentimos, e ao contrário de vocês, nossa palavra tem algum valor! 
  O Eliezer praguejou, depois começou a caminhar, ainda mais ao fundo do cemitério, até não ter sido mais possível vê-lo.
  Três? Em suas pesquisas, meu pai encontrara apenas um Andrioss. E não havia provas de que ele era mesmo um Andrioss.
  Era um homem influente. Oficialmente era dono de uma grande rede de automóveis, embora houvesse suspeita de envolvimento com a máfia Italiana, além de tráfico de drogas, lavagem de dinheiro, extorsão, entre outras coisas. Já haviam prendido ele uma vez, na França, mas ele conseguiu a liberdade, por falta de provas. Seu nome era Ricchard Krastan, era um homem peculiar. Aparentava ter uns 29 anos, era alto, tinha um físico bom, e várias tatuagens pelo corpo. Seu cabelo era um moicano baixo, tinha vários brincos nas orelhas, dois piercings na sobrancelha esquerda, e um do mesmo lado do lábio inferior de sua boca. Mas o mais incomum nele aram seus olhos.  Suas pupilas eram contraídas, e de um negro muito escuro, ao passo que sua íris era branca. Olhos assustadores. Olhos que pareciam ser capazes de esquadrinhar até mesmo as almas das pessoas.
  Olhos de um Imortal.






Um comentário:

  1. Nunca me interessei por leitura, mas é impossível não prestar atenção. Está ficando muito bom.

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